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terça-feira, 25 de julho de 2017

Algumas considerações antes de escrever trabalhos científicos | Pedro V. Marques

Durante a elaboração do tcc, dissertação, etc., acontece de o aluno, depois de muito trabalho, vir mostrar o que fez ao seu orientador e sair frustrado diante do volume de observações feitas. 




Seguem, portanto, algumas considerações gerais que têm sido úteis nestes anos orientando alunos de graduação e pós:

1. Procure usar a linguagem correta, aquela que você aprendeu no colegial e não a que se que usa hoje no “Whatsapp”. O corretor corrige erros ortográficos, mas fique atento à concordância, expressões dúbias, etc.

2. “Na natureza nada se cria, tudo se transforma” continua válido, mas tome cuidado com o copia e cola comum nesta época em que os alunos vão montando o trabalho a partir do que encontram na internet. Se for copiar o texto, coloque entre aspas e anote o autor, ano de publicação e número da página de onde tirou o texto. Particularmente gosto que o aluno coloque a ideia com suas próprias palavras, citando em seguida o nome do autor de onde tirou o texto. Isto, de um lado reconhece e valoriza a autoria do trabalho e de outro o exime de futuras responsabilidades.

3. Tudo que está no texto tem que ter a possibilidade de ser conferido pelo leitor. Assim, se vai citar uma informação obtida através de conversa, e-mail, etc., use as regras para citação.

4. Reconhece-se um bom texto quando, embora o trabalho possa ser complexo, o texto é auto contido no sentido de oferecer tudo que o leitor precisa para seu entendimento. Isto não acontece por acaso e sempre sugiro aos alunos dividir uma folha em quatro partes, na primeira, escrever o título do trabalho, na segunda parte descrever os objetivos, na terceira parte, a metodologia e na quarta e última parte, os resultados esperados. Antes de começar a elaboração do trabalho, vá se perguntando: será que o título está condizente com os resultados esperados? Será que os objetivos são factíveis, podem ser alcançados com os dados, tempo e recursos que disponho e metodologia que vou usar? O que preciso de dados e o método de análise permitem chegar àquelas conclusões? Durante a revisão sempre se pergunte: este texto que estou citando contribui para entender o trabalho e as conclusões? Importante é lembrar que escrever um trabalho é uma ação contínua que vai sendo refeita à medida que as ideias ficam mais claras, mas o importante é que uma vez pronto o trabalho o que for necessário para seu entendimento esteja contido no mesmo. 

5. Quando colocar figuras, tabelas, gráficos, no texto, conduza a leitura, ressaltando o que acha importante, comparando números, resultados, etc. 

Completando, os alunos não devem se assustar com nosso nível de exigência na coerência e lógica do raciocínio, na exposição das ideias, na clareza do modo de escrever. Isto fará a diferença no ambiente de trabalho quando tiverem que escrever relatórios, projetos, boletins. Neste momento, verão que o esforço não foi em vão e terão seus méritos reconhecidos pela clareza na exposição das ideias.■

(*) Professor Titular do Departamento de Economia, Administração e Sociologia, da ESALQ/USP e Coordenador do PECEGE - pvmarque@usp.br


Dicas para a redação científica | Laura Alves Martirani


A linguagem científica é de natureza argumentativa e não opinativa e pede um sujeito (autor) o mais racional e imparcial possível. Demanda objetividade e clareza. 



Assim como todo bom texto, precisa estar organizada em uma estrutura básica, com começo, meio e fim; ou introdução, desenvolvimento e finalização.

Do mesmo modo que no texto jornalístico, a redação científica também precisa responder às perguntas básicas da comunicação, os famosos “Qs” do lead jornalístico: o quê, quem, quando, em que lugar, por que, de que modo (como); podendo-se ainda acrescentar, em alguns casos, o quanto e o para quê. O que significa explicitar, delimitar, justificar e contextualizar.

A linguagem deve ser direta, empregando-se a sequência sujeito, verbo e predicado. É também recomendável trabalhar um assunto por parágrafo, evitar períodos longos, com mais de três linhas e cuidar da concordância verbal. 
Como dica geral recomenda-se aplicar a regra do menos é mais, quanto menos palavras usar para dizer uma coisa, melhor será.

Em trabalhos científicos, de modo diferente nos textos de tipo literário ou  poético,  é necessário evitar o emprego de termos e expressões ambíguas,  que possam denotar mais de um significado, diz-se também expressões abertas. A linguagem científica pede objetividade e precisão, é uma linguagem fechada. Assim sendo, na redação científica, é necessário definir bem o significado dos termos empregados, especialmente os conceitos de interesse estratégico e que tenham maior destaque. 

De modo geral, recomenda-se ser cauteloso nas afirmações, evitar exageros e generalizações de senso comum e estar consciente da possibilidade de erro, ou seja, considerar o contraditório. Deve-se, também, adotar uma postura ética, honesta e responsável. 

Por fim, é preciso ter em mente que a consistência do texto está diretamente relacionada à consistência da pesquisa, à coerência dos métodos, à validade dos resultados, importância do trabalho e qualidade da análise.■

(*) Professora Associada, Departamento de Economia, Administração e Sociologia, da ESALQ/USP – e-mail: lauramar@usp.br


Pressão por resultados: até que ponto ela é positiva? | Luciana Christante de Mello

O sistema acadêmico pressiona cada vez mais os pesquisadores para produzir trabalhos de impacto, o que quase sempre é medido por meio da publicação de artigos científicos em periódicos de alto fator de impacto. 

Cada vez mais criticada, tal pressão tem feito vir à tona um número crescente de casos de má-conduta com os quais os publishers, as universidades e as agências de fomento têm de lidar. 

Disseminar as boas práticas de publicação, que raramente são ensinadas na pós-gradução brasileira, não ajuda apenas a formar bons autores, mas também a cultivar neles os princípios éticos e o espírito crítico que são tão caros à ciência.■

(*) Editora de aquisições e desenvolvimento do BioMed Central/Springer Nature para América Latina - e-mail: luciana.christantedemello@springer.com

segunda-feira, 24 de julho de 2017

ORCiD: Impulsione a visibilidade e o reconhecimento de suas pesquisas e publicações | Elisabeth Adriana Dudziak


À medida que a Ciência se torna cada vez mais complexa, aumentam também os desafios em relação à correta identificação do pesquisador, inventor, escritor, produtor, etc, sua afiliação, seus dados e publicações. São tantos nomes parecidos e suas variações, nomes abreviados, por extenso, homônimos, nomes escritos com erros de grafia. Com milhares de artigos publicados a cada dia, a atribuição correta de autoria se torna essencial para a visibilidade e reconhecimento de seus trabalhos. 


É   por isso que entidades normativas, editores, universidades e agências de financiamento estão cada vez mais preocupadas em identificar corretamente os pesquisadores e suas atividades. Nesse contexto, em 2010 foi criado o ORCiD (Open Researcher and Contributor iD - em português - ID Aberto de Pesquisador e Contribuidor), por essas mesmas entidades. 

O ORCiD é um registro definido por um código alfanumérico não proprietário gratuito e internacional que identifica exclusivamente cientistas e autores acadêmicos, que distingue um acadêmico/pesquisador de outro. Resolve o problema da ambiguidade e semelhança de autores e indivíduos, substituindo as variações de nome por um único código numérico, algo como “0000-0002-0123-208X.”. 
Hoje, há uma série de identificadores internacionalmente reconhecidos que carregam consigo vantagens e limitações: ResearcherID, ScopusID, GoogleID, LattesID, o próprio ORCiD. O que, então, distingue o identificador ORCiD dos demais? 

Mantido pela organização internacional sem fins lucrativos de mesmo nome, o ORCiD não é apenas mais um identificador dentre tantos, pois ele integra os demais identificadores já consagrados como o ResearcherID, ScopusID. Integra também os fluxos das atividades científicas, desde a submissão de manuscritos até a publicação de artigos, pois suporta ligações entre o pesquisador, suas atividades profissionais e publicações, entre editores, agências de financiamento e universidades. As vantagens são grandes.

As bases de dados Web of Science (Thomson Reuters) e Scopus (Elsevier) já estão integradas ao sistema ORCID. Basta que você autorize a troca de dados no seu perfil. Grupos editoriais internacionais (Springer-Nature, PNAS, Emerald, Elsevier, Wiley, PLOS, IEEE, etc) já utilizam o ORCID em seus processos de submissão e publicação de artigos. Agências de Fomento (National Institutes of Health – NIH, Research Councils – UK, European Commission, Wellcome Trust, FCT, etc) já adotam (ou estão em vias de adotar) o ORCID iD do pesquisador na análise e concessão de auxílios à pesquisa.

O Currículo Lattes (CNPq) já utiliza o ORCID iD na identificação dos pesquisadores. Universidades, associações e institutos de pesquisa já adotam o ORCID iD (ASTM, Crossref, Datacite, Duke Univ., Harvard Univ., OCLC, Stanford Univ., Unicamp, Unesp, etc.) O identificador de artigos DOI (Digital Object Identifier) já está integrado ao ORCID iD. Essa integração garante a automática atualização de publicações no perfil do pesquisador que possui ORCiD.

O ORCiD fornece também atualizações automáticas toda vez que um artigo ou trabalho de sua autoria é publicado, e toda vez que um novo financiamento lhe é atribuído. Permite também importar suas publicações do Google Acadêmico.

Totalmente gratuito, o ORCID também viabiliza um registro móvel dos vínculos empregatícios dos pesquisadores, facilitando a gestão das atividades acadêmicas e de pesquisa. É projetado para ser um identificador ao longo da carreira. Por esse motivo, nenhuma informação que pode mudar ao longo da vida profissional de uma pessoas está embutida no iD, por exemplo, país, instituição, área de estudo. Usando um ORCID iD, os pesquisadores são facilmente e corretamente conectados com suas atividades, resultados de pesquisa, publicações,  vínculos empregatícios – instituições às quais estão afiliados – e financiamentos. 

Como o perfil (profile) ORCiD fica visível e acessível a todos, potencializa a visibilidade do pesquisador, o reconhecimento e a repercussão de suas publicações, além de viabilizar o contato com redes nacionais e internacionais de pesquisadores. 

Em setembro de 2016, a Universidade de São Paulo (USP) afiliou-se à ORCID e, dessa forma, viabilizou a coleta, conexão e validação institucional dos registros ORCiD de seus pesquisadores, o que facilita o registro, a recuperação e a validação de dados tanto pelo pesquisador quanto pela própria Universidade.

Para criar seu ORCiD autenticado USP ou conectar seu ORCiD à Universidade, siga o fluxo apresentado em www.sibi.usp.br/orcid.  

Quer saber mais sobre isso? Consulte tutoriais e as FAQs disponíveis no Portal do Sistema de Bibliotecas da USP: http://www.bibliotecas.usp.br Consulte sua Biblioteca. Faça parte dessa iniciativa.

(*) Chefe da Divisão de Desenvolvimento do Departamento Técnico do Sistema Integrados de Bibliotecas da USP - E-mail: atendimento@sibi.usp.br


7 super dicas para melhorar seus artigos! | Luís Reynaldo Ferracciú Alleoni



A redação científica deve ser clara, sucinta e objetiva. O autor deve ir direto ao assunto!!! Procure basear seu texto no formato: sujeito-verbo-predicado; começo-meio-fim. Passe sua mensagem com o menor número possível de palavras.


  1. Procure escolher a revista correta para envio do seu artigo. Veja se o conteúdo está adequado para o escopo e o padrão de exigência da revista. Embora não seja o único indicativo de qualidade de uma revista, o fator de impacto reflete, de forma geral, o reconhecimento da comunidade científica ao periódico.
  2. Capriche no título do artigo. Um bom título atrai um maior número de leitores.
  3. A parte inicial do "Resumo" deve conter a importância do assunto e os objetivos dos autores. Na sequência, destaque os métodos utilizados e apresente os resultados, com realce para os mais originais e de maior importância.  
  4. Na "Introdução", mostre o estado atual da arte do assunto e destaque o que seu artigo vai contribuir para aumentar o nível de conhecimento no referido assunto. Não se esqueça de listar suas hipóteses. 
  5. Seja bem claro nas explicações dos materiais e métodos que utilizou. Explique os motivos de todas as escolhas que fez.
  6. O item "Resultados e Discussão" é o coração do artigo. Não repita no texto as informações que podem ser facilmente visualizadas em tabelas e figuras. Nesse item, o mais importante é explicar as causas dos resultados obtidos e confrontar com referências bibliográficas publicadas em revistas com política editorial seletiva. Discuta as relações causa-efeito. Por que seus resultados foram semelhantes aos de alguns autores? Por que foram diferentes de outros?
  7. Apresente suas conclusões com base nas hipóteses e nos objetivos. Uma dica é que seja igual o número de hipóteses, de objetivos e de conclusões.■

(*) Professor Titular do Departamento de Ciência do Solo da USP/ESALQ - E-mail: alleoni@usp.br



http://www.esalq.usp.br/biblioteca/semana-da-escrita-cientifica-2017/